OSCAR GIACONIA | CRYPTOZOOGODEMICHET
Opening
Inaugura dia 17 de Outubro.
CRYPTOZOOGODEMICHET é a primeira exposição individual de Oscar Giaconia na Monitor Lisbon, sendo a primeira vez que o artista expõe em Portugal.
Para esta ocasião, foi especialmente criado um novo corpo de sete obras de pequeno formato.
Usando principalmente a pintura como uma prática digestiva de outras linguagens, o trabalho de Oscar Giaconia debruça-se em torno de múltiplas áreas de investigação: os conceitos de monstro, duplo, autópsia e parasita são apenas algumas das palavras-chave (que remetem às qualidades transformadoras dos meios pictóricos) as quais sempre acompanharam a pesquisa estratificada do artista, caracterizada pela utilização de dispositivos inorgânicos e sintéticos como silicone, vulcanite, nylon, borracha natural e neopreno.
O título-sortilégio CRYPTOZOOGODEMICHET combina forçosamente criptozoologia, entendida como um desafio à hermenêutica, à teratologia dos documentos, à arqueologia dos falsos trilhos e à concepção sexual da imagem como um organismo vivo movido pelo prazer e pela repetição. Tal como já aconteceu em outras duas exposições, nomeadamente Hoysteria (GAMeC, Bergamo 2019) e BHULK (Monitor Roma, 2020), o artista adopta um título-metaplasma, uma alteração gráfica ou fonética que altera a palavra através da adição, da inserção e da permutação.
As molduras desta exposição recebem o mesmo destaque que Oscar Giaconia confere usualmente aos dispositivos externos: quatro delas são feitas de couro reciclado, um derivado do couro resultante do processamento de resíduos de fibras de couro de origem bovina, três delas em nylon e polietileno, materiais sintéticos que sempre acompanharam a pesquisa proteiforme do artista.
As quatro bio-imagens emolduradas em couro reciclado são objectos-imagens parciais: estojos-casulos e caixas que contém compostos de animais. Nas molduras de nylon foram recicladas imagens recursivas pertencentes à série Calabiyau: uma coluna de focinhos de porco, uma coluna de caranguejos e uma coluna de abóboras, criaturas-destroços e colunas invertidas.Estas três obras foram colocadas directamente sobre as matrizes de gravura, que se tornam suportes, sendo visíveis na parte posterior da obra mas ocultas ao olhar do espectador.
Para todas as imagens foi executada uma operação de enxerto e transplante, trabalhando a inversão e a má interpretação num processo contínuo de indeterminação taxonómica: as silhuetas são poluídas por excrescências e corpos estranhos (pinos, próteses, tribunas, flagelos), auras que como objectos contundentes se destacam por detrás da sua matriz impressão.
São precisamente estas interferências e multiplicações de superfícies exumadas uma através da outra, que constituem uma possível prefiguração para as transformações a seguir, sendo a obra de Oscar Giaconia uma prática que sobrevive alimentando-se das sobras e dos restos dos processos de trabalho, proliferações sem finalidade, uma aporia de corpos mistos e decompostos.
____________________________________________
ENGLISH
Opening on the 17th of October from 16_0 to 21:00
CRYPTOZOOGODEMICHET is Oscar Giaconia’s first solo exhibition at the Monitor Lisbon and the first time the artist exhibits in Portugal. For this occasion, the artist has specifically produced a new body of seven small-format works.
Oscar Giaconia (Milano, 1978) is an Italian painter based in Bergamo. Using mainly the painting technique, meant as a digestive practice of other languages, Oscar Giaconia’s work orbits around multiple constellations: the concepts of monster, stunt, trap and autopsy are just some of the keywords, (reversible at the transformative qualities of the painting medium), which have always accompanied the diversified research of the artist, characterized by the use of synthetic devices like silicone cases, vulcanite, nylon, para rubber, neoprene rubber.
The title-sorcery of this exhibition, CRYPTOZOOGODEMICHET, forcibly combines cryptozoology, understood as a challenge to hermeneutics, the teratology of documents, the archaeology of false trails and the sexual conception of the image understood as a living organism driven by enjoyment and repetition. As already occurred in two other exhibitions, namely Hoysteria (GAMeC, Bergamo 2019) and BHULK (Monitor Roma, 2020), the artist adopts a title-metaplasm, a graphic or phonetic change that alters the word by addition, insertion and permutation.
The frames present in the show were given the typical emphasis that Oscar Giaconia always gives to external devices: four of them are made of bonded leather, a type of leather obtained from the processing of discarded bovine leather fibers, while three are made of nylon and polyethylene, synthetic materials that have always accompanied the artist’s proteiform research.
The four bio-images framed with bonded leather are partial image-objects: chrysalis pouches and cases containing animal composts. On the other hand, in the works framed in nylon the artist has recycled a number of recursive images from his Calabiyau series: a column of pigs’ snouts, a column of crabs and a column of pumpkins, which seem to be relict creatures and upturned columns. These three works have been placed directly on the engraving matrixes, which become their support and are visible on the back of the work, hidden from the viewer’s eyes.
For all the images, a grafting and transplanting operation has been carried out, involving inversions and misreadings in a continuous process of taxonomic indetermination: the shape of the silhouettes is in fact polluted by excrescences and foreign bodies (pins, prostheses, rostrums, scourges), resembling auras that stand out like blunt objects behind the matrix print.
It is precisely these interferences and multiplications of surfaces exhumed one through the other, that constitute a possible prefiguration for the transformations to follow if we consider the fact that Oscar Giaconia’s practice survives by feeding on the leftovers and remains of the working processes, on proliferations without purpose, in an aporia of mixed and decomposed bodies.