May 12, 2022

Inauguração a 30 de abril

Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo

Lago Conde de Vila Flor, Évora

30 de abril a 18 de setembro de 2022

 

Homenagem às pedras tiradas do seu sossego | Sérgio Carronha | Exposição de Escultura

A Exposição «Homenagem às pedras tiradas do seu sossego» de Sérgio Carronha decorre de uma residência artística no Departamento de Escultura em Pedra da Associação Pó de Vir a Ser, em Évora. Essa residência decorreu em 2021, ano em que se perfizeram 40 anos do Simpósio de Escultura em Pedra. O Simpósio teve repercussões diversas na vida de muitos artistas nacionais e estrangeiros e na própria vida da cidade de Évora que, de resto, se encontra pontuada por várias esculturas concebidas em 1981. A residência decorreu sob este signo mergulhando, igualmente, na sensibilidade da Pó de Vir a Ser ao propor que se usassem os desperdícios que a indústria da pedra mármore produz.

Sérgio Carronha (Cascais, 1984) vive e trabalha em Montemor-o-Novo. Frequentou o curso de Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa entre 2003-2009 e durante esses anos participou no Programa Erasmus, na Academia di Belli Arti di Carrara, em Itália. Tem uma actividade expositiva constante em que surge com alguma frequência a referência a objectos votivos relacionados com o mundo alargado da Pré-história, observada através de uma ecologia integral.

No projecto para a Pó de Vir a Ser, propôs-se criar uma escultura para o espaço público de carácter não definitivo numa cidade e num território em que a presença e expressão de diferentes materiais líticos é especialmente forte. As colecções de escultura em pedra, epigrafia e arqueologia do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo constituíram-se também como uma fonte para o artista.

Quando a Pó de Vir a Ser propôs a concretização de uma exposição no Museu, replicaram as palavras do artista quanto ao Menhir III: era um «ídolo para ser adorado ao sol». Essas palavras ecoaram o trabalhar da pedra ancestral e ligaram-se a outras que conheci mais tarde e da mesma origem. Essa obra era «como um satélite permanente a que nos ligamos para comunicar e celebrar a existência». O Museu acolhe, calorosamente, esta Exposição ao sol e à sombra no pátio do Claustro e ficará rodeada quase por todos os lados de outras pedras em que o tempo se demora. Certamente que estas esculturas comunicaram e comunicarão entre si para celebrar a Vida.

A relação com a natureza, com o cuidado e com a alma das matérias-primas, com a identidade e a origem das coisas, com a continuidade e permanência estão especialmente presentes na forma de ser e no ímpeto criativo de Sérgio Carronha, comovido com a humildade das pedras talhadas pelo tempo e/ou pela acção humana. E é assim que nos põe o sol nos olhos quando vemos o/s seu/s “ídolos”.

Sandra Leandro

Directora do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo